O texto “Distribuição e extensão de vídeo : A História” é um relato do Cristiano Mazza, gerente de produto do Grupo Discabos, sobre sua experiência com tecnologias para a distribuição de vídeo.
Hoje vou falar um pouco sobre a história, vista por alguém de dentro da indústria, de duas tecnologias de distribuição e extensão de vídeo HD, e como podemos imaginar possibilidades futuras.
Distribuição e extensão de vídeo: HDBaseT!
Me lembro a primeira vez que encontrei o pessoal da HDBaseT Alliance, como eles gostam de se apresentar hoje.
Eram meados de 2011/12, em umas dessas feiras tecnológicas, vi uma TV LCD com o rack traseiro aberto e toda eletrônica exposta.
Ao ver o símbolo da HDBaseT, fiquei curioso para ver o que tínhamos ali. Até então já tinha ouvido e, principalmente lido muito a respeito, mas não tinha visto nada funcionando ainda.
A ideia de poder trafegar AV por cabo de rede com outros sinais incorporados sempre foi interessante, podendo agregar a “cereja” de ser um protocolo único entre marcas, o que terminaria com vários problemas de handshaking que tínhamos.
Quando cheguei no stand, vi algo espetacular: Uma TV pendurada como se fosse um quadro, com apenas 1 cabo UTP conectada a ela, levando áudio, vídeo, controle e energia!
Sim, amigos, energia para ligar a TV. Naquele dia eu sabia que ia acabar investindo nisso…
Acabei conhecendo o pessoal da Microsemi, empresa de semi-condutores na California que desenvolveu o chip para “energizar” os equipamentos através do HDBaseT.
Curiosidade sobre o projeto
Uma curiosidade é que o chefe de engenharia desse projeto é Brasileiro !!! Isso mesmo, palmas para o Daniel Feldman.
Segue uma apresentação detalhada abaixo, para os curiosos…
Hoje a maioria dos profissionais de AV conhecem HDBaseT. Se você não faz parte desse grupo, está no trabalho errado.
Usamos um cabo UTP CAT5e/6 para trafegar AV, controle, rede e energia. Chipset foi desenvolvido pela Valens, empresa Israelense (http://hdbaset.org/). Contudo, ainda não é uma rede.
A tecnologia é excelente, com enormes possibilidades de crescimento, e para nós Brasileiros 2 Bonus: Sandra Welfeld e Roberto Saidon, responsáveis pela divulgação e suporte a tecnologia por aqui. Excelentes profissionais. Estamos bem servidos.
O resumo da tecnologia explica tudo : “More data, less wires !”.
Minha crítica construtiva: A dificuldade e o custo da distribuição. A Tecnologia é recente e ainda tem um custo por ponto de distribuição alto.
Estão explorando novas possibilidades, como HDBaseT via IP, onde poderemos usar princípios de rede para distribuir sinal HDBaseT. Será um grande avanço.
Distribuição e extensão de vídeo: JPEG2000!
Foi em 2010 a primeira vez que vi falar de JPEG2000.
A História é boa: Estava andando em uma feira em Hong Kong e vi um chines franzino mostrando o sistema trafegando vídeo por uma rede IP para uns russos.
Achei interessante e colei do lado para “roubar” aquela explicação detalhada. Fiquei curioso e querendo conhecer mais a respeito dos chips AST1500/1510 da ASPEED.
Os russos saíram e o chinês me fala: “Não adianta, na Rússia eles só querem usar coaxial para distribuir HDMI !”.
Acabei ficando um tempão no stand e filmei um monte de coisa, alem do chines que demonstrava tudo funcionando.
De volta ao Brasil, apresento a solução para meu irmão mais velho e meu pai, e conto a história de como conheci eles.
Até hoje quando volto a China meu pai me diz: “Vai encontrar o chinezinho ? Manda um abraço para ele !”.
A ASPEED e a APTOVISION foram uma das primeiras empresas a “brincarem” com a tecnologia de chips para comprimir vídeo em IP, usando o protocolo JPEG2000.
Hoje se fala bastante em H.264, devido a diminuição de banda necessária para seu tráfego.
Os chips são fornecidos mundo a fora para empresas desenvolverem suas soluções, e elas tem aparecido em grande peso, em especial nos últimos 2 anos.
Na ISE de 2017, contei mais de 20 empresas diferentes mostrando produtos nesse escopo.
A tecnologia permite transportar HDMI 1080p via redes Gigabits (JPEG2000, cerca de 120 Mb) e até Megabits (H.264, cerca de 30 Mb), ou no extremo, video HDMI 4K via redes de 10 Gb. Alguns fabricantes adicionam possibilidades KVM ao equipamento, cada vez mais interessantes para o sistema de “Control Room”.
Por se basear em protocolo IP, outras vantagens como extensão (usando fibra), cascateamento com switches e energia (usando PoE), são incorporadas ao sistema.
Principal benefício dessa tecnologia
Mas o grande benefício que vejo é a linguagem. Todos já ouviram falar em uma rede de dados, e as empresas têm suas redes prontas.
Hoje, as residências já tem suas redes , e o tema chegará ao senso comum, construtoras e eletricistas em breve.
Artigos comentam que o responsável por AV corporativo, é o gerente de TI. Tem jeito mais fácil de falar em vídeo com eles do que falar na linguagem que eles dominam.
Mesmo que em termos de AV puro, a tecnologia HDBaseT apresenta melhor qualidade, a tecnologia de vídeo por IP tem um custo beneficio muito alto, e ao meu ver acaba sendo melhor aceita em escala.
Não temos como separar AV de TI … Amor à primeira vista!
Em breve irei comentar como se configura uma rede para trafegar vídeo.
Abraço.
Aproveite para conhecer algumas soluções para a extensão de sinais HDMI